A sua empresa precisa de governança. E isso vai além de um modismo ou atendimento às normas e regulamentações de seu setor.
Entretanto, antes que você saia por aí para se inscrever em um curso sobre governança, associar-se a um instituto de governança e contratar uma consultoria para implantar governança em sua empresa, convém esclarecer algumas coisas e eu trago três pontos que considero os mais importantes.
O primeiro ponto é o que é governança.
De uma forma simplificada, a governança é um sistema que deve ajudar a trazer equilíbrio à sua empresa. Equilíbrio entre o conjunto das pessoas e dos agentes que participam da vida de sua companhia. Clientes, investidores, seus colaboradores gestores e não gestores, seus fornecedores de produtos e serviços, seus parceiros, seus concorrentes, o poder público e a sociedade em geral completam este conjunto. A governança deve promover equilíbrio entre todos para que a empresa gere valor de forma sustentável e contribua com a sociedade.
O segundo ponto que trago é como traduzir esta busca pelo equilíbrio e geração de valor sustentável em princípios de alto nível para o dia a dia da empresa.
Em uma busca rápida nas diversas fontes de informação que temos disponível, facilmente podemos encontrar sugestões, regulamentos e códigos com uma quantidade variável de princípios e definições complexas e completas de cada um deles. Todos serão igualmente válidos. Eu, de meu lado, advogo somente por 2 deles. Ética e transparência.
Começando pelo conceito mais complexo, e não vou me ater à dificuldade para definir a ética (segundo o Houaiss “Ética ou filosofia moral é, na filosofia, o estudo do conjunto de valores morais de um grupo ou indivíduo.”, e esta definição é complementada por um texto com 438 palavras). Proponho, então, seguir sabendo que é difícil definir ética, mas tendo a certeza de que conseguimos detectar o comportamento não-ético quando vemos um.
Para transparência o esforço é menor. Fornecer informações suficientes, verdadeiras, coerentes, claras e relevantes para todos aqueles que delas necessitam. Não é fornecer somente o que a lei pede.
Ao final do dia o que uma boa governança que funciona prega é um retorno ao básico. Uma empresa deve promover comportamento ético e transparente para receber tratamento ético e transparente.
O terceiro e último ponto é como fazer com que a governança se traduza de forma prática em ações que você e sua empresa possam implementar e concretamente dizer que tem governança (preferencialmente uma que funciona).
Esse ponto é o de mais fácil execução desde que seja acompanhado por um diagnóstico real e com os pés no chão. Implanta-se governança via a criação de comitês e pelo estabelecimento de uma cadeia interrelacional e recursiva que começa nos sócios ou investidores da empresa que determinam o caminho que a empresa vai seguir, e termina na direção executiva que traduzirá esse caminho em uma práxis do dia a dia.
Comitês consultivos, temporários ou definitivos abrangerão os temas que são importantes para fazer a sua empresa funcionar. Comitês fiscal, de auditoria, de controles internos, de gestão de risco, de compliance, de meio-ambiente, e o comitê de administração são exemplos. Obviamente que implantar os comitês envolve trabalho árduo, investimento de tempo e dinheiro, e dificuldades inerentes de alocar orçamento, escolher pessoas competentes, garantir a diversidade, criar processos. Entretanto o ponto nevrálgico aqui é o diagnóstico de quais e quantos instrumentos de governança o momento da sua empresa demanda.
Empresas maduras precisarão de todos os comitês citados e mais alguns. Empresas ainda em estágios iniciais certamente serão bem assistidas com alguns comitês consultivos. Empresas de grande porte precisarão de mais estrutura. Empresas de médio e pequeno porte certamente estarão adequadas com estruturas menores e mais enxutas.
Para concluir, fica a pergunta do porquê a sua empresa teria que prestar atenção a este tema e o que isso traria de benefício. E a resposta é que com a governança que funciona a sua empresa fornecerá realmente o que seu cliente quer e precisa, será mais lucrativa, terá ambiente de trabalho adequado porque inclui, protege e ajuda cada um a realizar seu potencial, protegerá o meio-ambiente porque usa recursos de forma racional, durará no tempo e contribuirá de fato com a sociedade para termos um mundo melhor.
O caminho da Transformação em direção à Excelência é cada vez menos opção e cada vez mais obrigação.
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